terça-feira, 4 de março de 2014

Tabajaras é campeã novamente do Carnaval de Uberlândia

A Sociedade Recreativa Escola de Samba Tabajara conseguiu o feito de conquistar o posto da melhor agremiação carnavalesca de Uberlândia pela décima vez consecutiva. A escola somou 320,5 pontos nesta segunda-feira (3) à tarde durante a apuração do Carnaval 2014 e se sagrou como campeã deste ano. A vitória foi com apenas um ponto de diferença sobre a segunda colocada, a Garotos do Samba. Pelos blocos, quem levou a melhor, como no ano passado, foi o Grêmio Recreativo Aché ao obter 174,5 pontos dos jurados. Os vencedores voltam terça-feira (4) ao novo endereço do samba na cidade, a avenida José Roberto Migliorini, no bairro Tibery, às 20h, para o desfile da vitória.

Um dos carros alegóricos utilizados no desfile. Foto:Marcos Ribeiro


O título conquistado ontem pela Tabajara representou uma meta específica da escola, que completou 60 anos e, na passarela, escolheu como tema a trajetória do grupo tradicional do bairro Patrimônio, zona sul da cidade. “Somos o berço do samba e congado aqui. Ganhamos de forma apertada porque o enredo é complicado. Em 2004, aos 50 anos, tentamos contar a história da escola e perdemos pela última vez. Agora, vamos comemorar”, afirmou o diretor de carnaval da escola, Luciano Moicano.
No início da apuração, a Tabajara chegou a ver a vitória ameaçada, pois a Garotos do Samba, que contou a influência dos povos indígenas na construção cultural do Brasil no domingo, conseguiu emplacar uma série de notas 10 dos jurados em vários quesitos. Porém, nas últimas categorias, a situação se inverteu e a Tabajara virou a pontuação. Embora os foliões das duas escolas festejassem ou protestassem a cada anúncio de nota, não houve registro de confusões.
Em terceiro lugar, ficou o Grêmio Recreativo Unidos do Chatão, que trouxe o tema sobre as cores e os voos da borboleta, com 311 pontos. O Grêmio Recreativo Acadêmicos do Samba, ao ter o samba enredo focado na Copa do Mundo de Futebol, ficou com o quarto e último lugar, somando 309 pontos.

Momento tenso durante apuração.


O título conquistado ontem pela Tabajara representou uma meta específica da escola, que completou 60 anos e, na passarela, escolheu como tema a trajetória do grupo tradicional do bairro Patrimônio, zona sul da cidade. “Somos o berço do samba e congado aqui. Ganhamos de forma apertada porque o enredo é complicado. Em 2004, aos 50 anos, tentamos contar a história da escola e perdemos pela última vez. Agora, vamos comemorar”, afirmou o diretor de carnaval da escola, Luciano Moicano.
No início da apuração, a Tabajara chegou a ver a vitória ameaçada, pois a Garotos do Samba, que contou a influência dos povos indígenas na construção cultural do Brasil no domingo, conseguiu emplacar uma série de notas 10 dos jurados em vários quesitos. Porém, nas últimas categorias, a situação se inverteu e a Tabajara virou a pontuação. Embora os foliões das duas escolas festejassem ou protestassem a cada anúncio de nota, não houve registro de confusões.
Em terceiro lugar, ficou o Grêmio Recreativo Unidos do Chatão, que trouxe o tema sobre as cores e os voos da borboleta, com 311 pontos. O Grêmio Recreativo Acadêmicos do Samba, ao ter o samba enredo focado na Copa do Mundo de Futebol, ficou com o quarto e último lugar, somando 309 pontos.


Moradores e torcedores da escola de samba comemoram o título.

Reportagem retirada do site Correio: http://www.correiodeuberlandia.com.br/entretenimento/tabajara-e-decacampea-do-carnaval-de-uberlandia-garotos-do-samba-ficou-em-segundo/

Repórter: Fernando Boente

Autor da postagem: Luiz Fernando Pereira Freitas


                              


segunda-feira, 3 de março de 2014

Diário de Campo


Terceiro Dia (28/02/2014)

Chegamos ao bairro Patrimônio por volta das 13hrs da tarde em uma sexta-feira. 
O objetivo da visita no dia era principalmente fazer filmagens para a produção do documentário e conseguir uma entrevista com a "lenda" do bairro, o João Rodrigues ou também Bolinho como é mais conhecido. 
Depois de algumas filmagens começamos a procurar pelo sambista (interessante destacar que todas as pessoas que perguntavamos conhecia-o), porém ao chegar na casa do mesmo não o encontramos(era véspera de carnval e durante essa época fica difícil encontra-lo), mas a sua mulher, Maria Aparecida, se propôs a nos dar uma pequena entrevista contando sobre o antigo patrimônio e como participava e ajudava na folia de reis, congado e nas demais tradições do Bairro.
Fomos ao local onde a escola de Samba Tabajaras costuma ensaiar para o carnaval, porém a pessoa que se encontrava não pode nos dar uma entrevista ou mesmo mostrar o local porque estava muito ocupado, inclusive no mesmo dia haveria  um ensaio, nos convidou para ir ao ensaio as 9 hrs da noite, porém foi inviável aos integrantes do nosso grupo.
Durante a visita ao bairro também encontramos um simpático morador,Nelson, que está no bairro patrimônio a mais de 50 anos,o mesmo também nos contou um pouco da sua experiência, o dia a dia da região e como a mesma evoluiu desde o antigo frigorífico municipal até os dias atuais.


Vista da cidade pela escola de Samba Tabajaras no Bairro Patrimônio

Autor da postagem: Luiz Fernando Pereira Freitas


sábado, 22 de fevereiro de 2014

A Uberlândia de João Rodrigues Bolinho: a cidade vista do bairro Patrimônio


Uberlândia tinha pouco mais de 22 mil habitantes quando o sambista João Rodrigues nasceu, em 1941, no bairro Patrimônio, na zona sul. Bolinho – como ficou conhecido anos mais tarde – é o quarto de oito irmãos e o homem mais velho dos filhos. Casado por duas vezes e pai de cinco filhos, o aposentado de 72 anos declara seu amor pela cidade, mas afirma que tem saudade dos tempos em que era pouco maior que um povoado.
Da infância, Bolinho lembra-se das brincadeiras nos córregos e das frutas nos pomares do bairro onde nasceu, cresceu e onde mora até hoje com a família. “A cidade parecia mais uma fazenda, cheia de árvores e mato. Meus irmãos e eu fazíamos pequenos poços nos córregos e os batizávamos com nomes divertidos”, disse. Ele conta que na lateral da atual avenida Rondon Pacheco existiam lagoas que abrigavam jacarés. “Tinha muito mesmo, e tinha também rã, que a gente caçava.”
Segundo Bolinho, as casas eram espalhadas em diversos pontos. “Existiam poucos bairros e as casas eram maiores e mais abertas. As ruas não eram asfaltadas. Eram de terra e com pedrinhas conhecidas como ‘pé de moleque’”, afirmou. O bairro Patrimônio foi um dos primeiros fundados na cidade e era um dos poucos que existiam até a década de 1960. “Como no Patrimônio as ruas eram de terra, nós éramos chamados de ‘pés vermelhos’, mas não gostávamos do apelido. Se a gente fosse ao Centro – que hoje é o Fundinho – e alguém nos chamasse assim, dava briga”, disse.


Bolinho nasceu e vive no bairro Patrimônio até hoje, de onde viu a cidade se desenvolver (Foto: Cleiton Borges)



Outra lembrança que marcou a vida do sambista foi o preconceito racial em meados do século 20. “Na avenida Afonso Pena, negros e brancos não dividiam o mesmo passeio. À esquerda [sentido Fundinho], passavam os brancos e à direita [mesmo sentido], os negros”, disse. A diversão também pregava a segregação racial. “No bar ‘A Mineira’, que era popular na cidade, negros não entravam de jeito nenhum. A cidade era muito preconceituosa e acho que ainda hoje carrega um pouco do preconceito racial”, afirmou.
Infância
A jovem cantora Tarsila Rodrigues estava com apenas sete meses de gestação quando João Rodrigues veio ao mundo, ainda prematuro. “Era aniversário de uma das minhas irmãs e minha mãe atravessou o rio de canoa para chamar os parentes que moravam do outro lado. Quando voltou, ela entrou em trabalho de parto e eu nasci”, disse. O apelido de Bolinho veio logo na primeira infância. “Eu devia ter uns 2 anos, e na época era comum que as mulheres colocassem pratos com bolo perto dos rádios. Numa dessas, meti a mão no prato e peguei um pedaço muito grande de bolo. O apelido pegou”, afirmou.
Aos 7 anos, Bolinho se mudou com a família para uma fazenda, onde ficou por dois anos. “Meu pai era meio aventureiro. Se dissessem que tava dando dinheiro em algum lugar, ele ia atrás”, disse. Depois da empreitada, o menino voltou para a antiga casa, no Patrimônio e, mesmo tendo se desfeito do imóvel, não saiu mais do bairro.
Com os 2 cruzeiros que ganhava da mãe aos domingos, Bolinho comprava o ingresso da matinê e ia se divertir no cinema da cidade. “Na verdade, o ingresso custava uns 50 centavos de cruzeiro. Com o resto, comprava pipoca e um monte de doces.” Outro lazer comum na época eram os bailes de carnaval e as festas nas casas de amigos. “O pessoal do Patrimônio sempre foi muito religioso e, depois da reza, sempre tinha um baile.”
O samba
Bolinho começou a cantar ainda criança, com pouco mais de 10 anos. “Aprendi vendo a minha mãe. Como ela cantava quase o tempo todo, com tudo o que ia fazer, fui assimilando isso e comecei a gostar.” Ele afirma que sua preferência sempre foi pelo samba, mas não descarta a oportunidade de ouvir música de qualidade de outros ritmos. “Gosto de música com melodia, arranjo e letra, não importa qual o estilo”, afirmou. Aos 13 anos, fundou a Escola de Samba Tabajara, que completa 60 anos de existência em 2014. “Fui eleito presidente de honra e desfilo todo ano pela escola. Amo samba e Carnaval”, disse.
Durante a vida, Bolinho conta que teve que trabalhar duro para conseguir vencer. “Comecei a trabalhar de carroceiro aos 9 anos. Ia acompanhando meu pai. Depois que ele faleceu, quando eu tinha 11 anos, virei o homem da casa porque era o filho mais velho dentre os homens e trabalhei em muitos lugares para ajudar minha mãe.” Segundo o sambista, a primeira tarefa era levar comida para os amigos do bairro que trabalhavam no frigorífico. “Saía de casa às 11h e carregava um cesto com 12 caldeirões de comida a pé até o local em que eles trabalhavam.” Depois disso, Bolinho também trabalhou em frigoríficos e fábrica de ladrilhos.

Repórter: Cindhi Belafonte
Reportagem retirada do jornal Correio: http://www.correiodeuberlandia.com.br/cidade-e-regiao/a-uberlandia-de-joao-rodrigues-bolinho-a-cidade-vista-do-bairro-patrimonio/

Autor da postagem: Luiz Fernando Pereira Freitas

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Diário de Campo

Primeiro dia (14/01/2014):
Fomos ao bairro Patrimônio por volta das 14 horas do dia (14/01/2014) e passamos por varias ruas analisando a região de uma maneira rápida e tirando algumas fotos que utilizaríamos posteriormente  para a fotoetnografia. 
Percebemos na primeira visita que se tratava de um bairro realmente muito antigo com algumas características peculiares, como a diferença entre ricos e pobres, o antigo e o novo, além dos traços tradicionais como a folia de reis e o congado.
O bairro possui avenidas movimentadas, porém o interior dele parece ter uma relativa calma que se contrasta com as imediações do maior clube da cidade(Praia Clube).
Outro ponto muito importante a se destacar está relacionado a expeculação imobiliária que se acentua com o avanço de condomínios e casas de luxo, alguns proprietários de terrenos estão a décadas sem construir esperando a valorização do local, mas isso consequentemente agrava o problema da violência e de lixos e pragas.

Segundo dia (31/01/2014): 
Chegamos no bairro por volta das 10:30 da manha com o objetivo principal de procurar pessoas dispostas a serem entrevistadas e passarem um pouco da sua experiência de vida para o nosso grupo e o blog.
Tiramos algumas fotos do comércio local, da escola infantil e de algumas ruas do interior do bairro Patrimônio. 
Procuramos saber dos moradores a localização da escola de samba Tabajara, mas fomos informados que não encontraríamos ninguém no local.. 
Encontramos o Sr. José que trabalha a quase vinte anos em uma das escolas mais tradicionais do bairro, a Escola da Criança.
Conversamos também com uma moradora chamada Lucia(trabalha em um órgão de saúde da prefeitura) que conhece muito sobre a história do bairro desde sua origem, sobre o famoso frigorífico até o que virou hoje. A ilustre moradora também nos informou sobre Maria Magali, uma das moradoras mais antigas do bairro e que sempre foi ligada as maiores tradições da cidade e principalmente do Bairro em questão, a Folia de Reis e o Congado, além da escola de samba Tabajaras, porém a mesma estava impossibilitada de participar destas tradições por questões de saúde.

Entrevistas

Fomos ao Bairro Patrimônio a procura de moradores que estivessem dispostos a fazer uma pequena entrevista informal ou uma breve conversa. Tivemos algumas dificuldades em encontrar pessoas que tivessem interesse em ajudar. 
Focamos nossas perguntas nos seguintes temas:
  • Bairro Copacabana e Patrimônio 
  • Diferenças de classes
  • Congado, Folia de Reis e Carnaval
Primeira entrevista:

Conversamos com Lucia, uma moradora e funcionaria de um posto de saúde do Bairro Patrimônio, em uma área que é considerada Copacabana. Ela nasceu no Patrimônio e se mora a mais de 12 anos na área considerada Copacabana, que segundo ela é um bairro povoado por pessoas de alta renda nos dias de hoje, mas que já foi um bairro bem pobre. Lucia acredita que essa troca de nome para Copacabana aconteceu para valorização do bairro devido a vinda dos ricos. Ela também nos contou que o Bairro Patrimônio é conhecido fortemente pela escola de samba Tabajaras e pelo Congado. A funcionaria nos recomendou falar com a Senhora Maria Magali que morava a alguns metros dali.

Posto de saúde onde Lucia trabalha


Segunda entrevista:

Encontramos a Senhora Maria Magali, que nos recebeu em casa e aceitou conversar um pouco mesmo estando impossibilitada por alguns problemas de saúde. Maria mora a mais de 50 anos no Bairro Patrimônio e frequenta anualmente a escola de samba Tabajara na ala das baianas. Também já frequentou o Congado e a Folia de Reis. A senhora nos contou que há rivalidade entre as pessoas que consideram Bairro Copacabana e Patrimônio, uma disputa de ricos e pobres. 
Maria Magali e Luiz

Pesquisa Bibliográfica

Artigo: PATRIMÔNIO: OITAVA MARAVILHA DO MUNDO E/OU ENCLAVE DE POBREZA?
Autores: Márcia Cristina Hizim Pelá
             Celene Cunha M. Antunes Barreira

http://xiisimpurb2011.com.br/app/web/arq/trabalhos/7d07ed3514afc31d4ebc206e240982f5.pdf

Resumo: Este artigo é resultante do trabalho de conclusão da disciplina “Tópicos Especiais em Geografia: 
Cultura Popular e Patrimônio Cultural ministrada pelo professor Carlos Rodrigues Brandão entre os dias 27 de abril e 10 de junho de 2011 na Universidade Federal de Uberlândia. Compreender qual a dimensão da intervenção das práticas socioculturais dos chamados sujeitos não desejados no planejamento urbano das idades  é o seu objetivo principal. Para alcançá-lo foi necessário aprofundar e compreender os processos conceituais, teóricos e metodológicos que envolvem as discussões sobre cultura e, consequentemente, a sua relação com o espaço, fato que levou a percorrer os instigantes e tortuosos caminhos traçados pelos antropólogos, historiadores e filósofos, como Roque de Barros Laraia, Clifford Geertz, Peter Burke, Terry Eagleton, Renato Ortiz, Raymond Wilians, Marilena Chauí, entre outros, que estudam e pesquisam a cultura e todas as suas múltiplas dimensões desde do Iluminismo até os dias de hoje. Por fim, também foi necessário realizar uma pesquisa de campo sobre a história e a memória dos negros do bairro Patrimônio da cidade de Uberlândia-MG. Palavras-Chaves: Práticas socioculturais, Patrimônio, memória e espaço oficial. 



Artigo: CONFIGURAÇÃO URBANA DO BAIRRO PATRIMÔNIO EM UBERLÂNDIA–MG: 
LEVANTAMENTO HISTÓRICO E CONTEMPORANEIDADES
Autores: Débora Belo Silva
              Ecione Maria Silva
              João Aurélio Batista
              Marcela Catarina Santos

Resumo: O bairro Patrimônio foi um dos primeiros bairros da cidade de Uberlândia, sendo caracterizado
pela predominância de moradores negros recém libertos da escravidão, ou seja, um bairro formado para acolher uma parte da população profundamente marginalizada pela sociedade.
Este trabalho tem a finalidade de traçar um paralelo com a atual configuração do local, tentando entender qual o papel do bairro no município de Uberlândia.
Palavras-Chave: Uberlândia. Bairro. Histórico. Planejamento. 


Documentário :Documentário  fornecido pelo grupo EMCANTAR, idealizado por Marco Aurélio Querubim, que mostra relatos de vários moradores do bairro. Documentário: A Escola em que Moro.

http://www.emcantar.org/emc10.qps/Ref/PAIA-73MLU4