O Patrimônio é um dos primeiros bairros de Uberlândia e tem a história da sua fundação ligada ao período da abolição da escravatura em 13 de maio de 1888 quando a princesa Isabel Leopoldina de Bragança e Bourbon sancionou a Lei Áurea.
A história do bairro Patrimônio, é tema de estudos e também de exposições artísticas, como “O povo dos pé vermeio”, exposição coletiva que reúne os artistas plásticos Gilberto Maciel e Lilian Tibery. Segundo a artista plástica Lilian Tibery, o Patrimônio acolheu a população recém-liberta e durante anos foi visto com certo preconceito "os pés vermelhos" que dão nome à exposição tem a ver com a cor da terra do bairro, que sujava os pés dos moradores, que tinham que lavá-los antes de atravessar a hoje avenida Rondon Pacheco, sob a qual foi canalizado o córrego São Pedro para irem ao centro da cidade.
O bairro Patrimônio pode se tornar o primeiro quilombo urbano da cidade. O assunto foi discutido no dia 6 de setembro de 2013 com moradores do bairro, durante reunião de representantes da Superintendência de Igualdade Racial (Supir), no Centro de Formação do bairro Morada da Colina. Esse foi o segundo encontro da entidade que discutiu a possibilidade de se criar na região o primeiro quilombo urbano de Uberlândia, que corresponde a uma área tombada territorialmente com as questões históricas, tradicionais e manifestações culturais e artísticas da comunidade negra.
Para que o bairro ou uma área dele seja transformada em quilombo urbano, é preciso considerar pontos como o autorreconhecimento da população local, a existência de um território relacionado e o processo de resistência histórica.
Para ajudar a população a entender melhor o processo, o professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Helvécio Damis Cunha, desenvolveu projetos de pesquisa e extensão sobre quilombos urbanos e rurais, participou da reunião. O foco dele foi principalmente em cima dos pontos constitucionais e as exigências para a criação do quilombo. “A transformação tem benefícios, mas também existem questões ligadas à parte patrimonial das propriedades. É preciso analisar os prós e contras”, disse o professor.
Para que a área seja criada, os moradores que quiserem a efetivação do quilombo urbano devem ceder a propriedade para que seja tombada e se torne parte do coletivo. Os que não se interessarem seriam indenizados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) após resolvidas as questões legais.
A identidade tanto material quanto imaterial do bairro será preservada. Entre os bens mais importantes para toda a população que mora na cidade, estão a festa centenária do Congado, a Folia de Reis, a escola de samba Tabajara e a delimitação territorial do bairro, que, segundo os moradores foi desaparecendo ao longo dos anos.
Fundação Palmares
A Fundação Palmares é a responsável pela certificação dos quilombos da área urbana. Cabe a ela receber a documentação e promover um estudo para reconhecer e confirmar as características do bairro. Segundo o morador, historiador e artista plástico Gilberto Maciel, 70 pedidos em Minas Gerais já foram feitos à fundação para a transformação em quilombos. Apenas um foi aceito. “A maior dificuldade é obter uma documentação. Para a transformação em quilombo é preciso provar o território, a cultura e também a ancestralidade escrava. Tem que existir interesse da comunidade”, disse.
A Secretaria de Políticas de Promoção de Igualdade Racial, gerida pela ministra Luiza Bairros, levou o projeto pessoalmente à ministra pelo prefeito Gilmar Machado em junho de 2013.
História
Os quilombos foram áreas de refúgio para escravos africanos e afrodescendentes no Brasil que também abrigavam minorias indígenas e brancas. Entre os séculos 16 e 19, muitos escravos fugiam das fazendas e usavam os quilombos como a promessa de uma nova vida. Mesmo que os quilombos tenham sido criados como resistência à escravidão, há registros históricos dessa prática dentro dos quilombos. Na história, o quilombo mais famoso é o de Palmares, que existiu onde hoje é a União dos Palmares, em Alagoas. No século 17, o Quilombo dos Palmares foi o mais marcante símbolo de resistência dos escravos.
Fonte: http://www.correiodeuberlandia.com.br/cidade-e-regiao/grupo-comeca-a-discussao-da-criacao-de-quilombo-urbano-no-bairro-patrimonio/
Autor da postagem: Joice Soares Mendes
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